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Estão abertas as inscrições para o I Workshop sobre Aplicações das Tecnologias das Radiações, que será realizado nos dias 10 e 11 de setembro de 2025, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo. Promovido em parceria por ABEN, IPEN, IEN e CNEN, o evento reunirá especialistas, estudantes e profissionais para debater os avanços e aplicações das tecnologias das radiações em áreas estratégicas como saúde, meio ambiente, alimentos e indústria.
A programação do workshop será dividida em dois dias: no dia 10 de setembro, o público poderá acompanhar painéis temáticos, mesas-redondas e debates com especialistas; já no dia 11, estão previstas visitas técnicas aos centros CELAP e CETER, além de cursos de atualização. Entre os temas em destaque estão: irradiação de alimentos, cibersegurança na indústria nuclear, protonterapia, radiofármacos, sustentabilidade, economia circular, microplásticos e meio ambiente, entre outros assuntos de relevância nacional e internacional.
As inscrições podem ser feitas pela plataforma Sympla, acessando AQUI.
Fonte: ABEN
A tecnologia de pequenos reatores modulares (SMRs) está ganhando cada vez mais espaço no cenário global, impulsionada pelo crescente interesse do setor privado e pelo fortalecimento do apoio governamental ao seu potencial como ferramenta de descarbonização profunda. De acordo com a terceira edição do NEA Small Modular Reactor Dashboard, relatório elaborado pela Agência de Energia Nuclear (NEA), há atualmente 74 projetos de SMRs em desenvolvimento ativo em todo o mundo.
A distribuição geográfica dos projetos revela uma ampla mobilização internacional: 30 deles são conduzidos por 25 organizações sediadas na América do Norte; 20 projetos por 19 organizações na Europa; 10 por cinco organizações em países asiáticos membros da OCDE; cinco na China; cinco na Rússia; dois na África; um na América do Sul; e um no Oriente Médio.
Segundo o diretor-geral da NEA, William D. Magwood IV, os SMRs já são parte central das estratégias energéticas de um número crescente de países. Ele destaca que os principais motores estratégicos para a adoção desses reatores incluem o aumento da demanda por eletricidade — especialmente impulsionada por data centers e serviços digitais —, as necessidades de segurança energética e os compromissos nacionais com metas climáticas. “Esses fatores estão se intensificando, e os SMRs estão bem posicionados para atender a essas demandas”, afirma.
O painel apresenta a avaliação mais abrangente até o momento sobre o avanço dos SMRs rumo à comercialização. Sete projetos já estão em operação ou em construção, enquanto outros avançam em ritmo acelerado para se tornarem os primeiros do tipo em seus países. A NEA observa que, apesar de alguns projetos ainda estarem em fase conceitual, muitos têm potencial para ganhar tração nos próximos anos. A variedade de modelos e abordagens, por outro lado, representa tanto um desafio quanto uma oportunidade em relação à padronização, otimização da cadeia global de suprimentos e viabilidade econômica.
O relatório revela também que 51 projetos estão em fase de pré-licenciamento ou licenciamento em 15 países e que existem cerca de 85 conversas ativas entre desenvolvedores e proprietários de locais para instalação. O cenário de financiamento também apresentou avanços: desde a edição anterior do painel, publicada em 2024, houve um aumento de 81% no número de projetos com ao menos uma fonte de financiamento confirmada.
Quanto à situação regulatória, três projetos já obtiveram licença de operação; sete têm licença de construção; um recebeu aprovação de projeto; sete estão com pedidos de licença em análise; e 33 estão em pré-licenciamento. Em 23 casos, não há informações públicas verificáveis sobre o status de licenciamento.
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios significativos. Um dos principais entraves é o fornecimento de combustível do tipo HALEU (urânio de baixo enriquecimento com teor mais alto), essencial para diversas tecnologias em desenvolvimento. Magwood ressalta a importância de uma ação internacional coordenada para garantir o fornecimento adequado desse insumo. Ele também aponta que as próximas edições do painel deverão abordar questões relacionadas à infraestrutura industrial e à cadeia de suprimentos nuclear, que enfrentam limitações diante da demanda crescente.
O painel da NEA traz informações detalhadas sobre cada projeto, incluindo conceito tecnológico, tipo de combustível, temperatura de operação, requisitos de enriquecimento, entre outros. As avaliações são baseadas exclusivamente em fontes públicas verificáveis e, quando possível, complementadas por consultas a desenvolvedores, com verificação independente. Pela primeira vez, o painel está disponível em formato digital e interativo, com acesso direto ao banco de dados da NEA sobre SMRs. As informações da terceira edição refletem o status dos projetos até 14 de fevereiro de 2025.
Fonte: Petronoticias
Pesquisadores do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN) assinam a autoria do livro “Aplicação de técnica nuclear e rede neural artificial na indústria petrolífera: estudos de casos”, publicado no início de julho pela editora Atena. A obra foi idealizada pelo Dr. César Marques Salgado, tecnologista da Divisão de Radiofármacos (DIRAD/IEN) e professor do programa de pós-graduação do Instituto, com a colaboração dos pesquisadores do IEN/CNEN Dr. William Luna Salgado e Dra. Roos Sophia de Freitas Dam, além do Dr. Cláudio de Carvalho Conti, tecnologista sênior do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN) e orientador do mestrado de César Salgado.
Voltado a estudantes, professores e profissionais da área nuclear e do setor de petróleo, o livro apresenta, de forma didática e científica, a aplicação da densitometria de fótons (gama e raios X) em sistemas de fluxo multifásicos na indústria de petróleo e gás. Composto por seis capítulos, o conteúdo reúne estudos baseados em simulações computacionais com Redes Neurais Artificiais, utilizadas para identificação de padrões e predição de fenômenos complexos, além da aplicação do Método de Monte Carlo, técnica matemática amplamente empregada na estimativa de distribuições probabilísticas no transporte de radiação.
Antes de abordar os estudos de caso, a obra oferece uma introdução à física das radiações e às ferramentas teóricas essenciais para a compreensão dos temas abordados, inserindo-se no campo da Física Nuclear Aplicada. Segundo César Salgado, há poucos materiais em português sobre o tema, o que torna o livro uma contribuição relevante à formação de novos profissionais.
O autor destaca a importância da estrutura de pesquisa do IEN/CNEN e da pós-graduação para a concretização do projeto, além da colaboração dos coautores. Ele também ressalta o caráter pessoal da participação de William Luna Salgado, seu filho, como coautor, e a orientação do professor Cláudio Conti, do IRD/CNEN. A publicação contou com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que viabilizou a impressão e disseminação da obra.
Fonte: IEN
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está com chamada aberta para submissão de resumos voltados à Conferência Internacional sobre Sistemas Regulatórios Eficazes em Segurança Nuclear e Radiológica (RegCon2026), que será realizada entre os dias 27 e 30 de abril de 2026, em Viena, Áustria.
O prazo para envio vai até o dia 1º de setembro de 2025. Com o tema “Fortalecendo a Competência, Agilidade e Conexão na Era Moderna”, a conferência reunirá autoridades reguladoras, especialistas e instituições de diversos países para discutir soluções inovadoras e estratégias voltadas ao fortalecimento da regulação em um contexto de rápidas transformações tecnológicas, desafios energéticos e crescentes demandas por segurança.
Os resumos devem conter até 600 palavras e podem abordar temas relacionados à competência regulatória, como cultura organizacional, qualificação técnica e desenvolvimento institucional; à agilidade regulatória, como adaptação frente a inovações tecnológicas e novos modelos de operação; e às conexões institucionais, como a integração de reguladores em ambientes colaborativos e sustentáveis.
A participação na RegCon2026 representa uma oportunidade importante para compartilhar experiências, influenciar os rumos da regulação nuclear global e fortalecer o papel das instituições reguladoras diante dos desafios contemporâneos.
As submissões devem ser feitas por meio da plataforma eletrônica da AIEA (IAEA-INDICO), com orientações disponíveis acessando AQUI!
Fonte: Alessandro Facure
Quando se fala em tecnologia nuclear, muitos ainda associam o tema exclusivamente a usinas e armas nucleares. No entanto, cerca de 90% das aplicações da energia nuclear têm fins pacíficos e trazem benefícios diretos à sociedade, especialmente nas áreas da saúde, meio ambiente e geração de energia.
Na medicina, por exemplo, a tecnologia nuclear está presente em exames de diagnóstico por imagem, tratamentos contra o câncer e diversas terapias aplicadas em diferentes partes do corpo humano. “São aplicações amplamente aceitas, mas pouco conhecidas”, comenta o professor Aquilino Senra, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ.
Recentemente procurado pela imprensa para comentar os riscos de possíveis ataques a usinas nucleares no Irã e suas implicações para o Brasil, o professor destacou a robustez do programa brasileiro. “O programa nuclear brasileiro é rigorosamente controlado. Temos um acordo quadripartite com a Argentina, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC)”, explica.
Esse acordo, que visa garantir o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear, é reconhecido internacionalmente como um modelo de cooperação. “Havia uma rivalidade histórica entre Brasil e Argentina. A criação da ABACC permitiu estabelecer um sistema de controle regional, baseado na confiança mútua e na transparência total”, acrescenta Aquilino.
Além da segurança, o professor destaca o papel estratégico da energia nuclear no cenário atual. Com o crescimento da digitalização, da inteligência artificial e da construção de datacenters, a demanda por fontes confiáveis e contínuas de energia aumentou significativamente. Países como França, onde 82% da eletricidade é gerada por energia nuclear, e os Estados Unidos, com 20%, já demonstram essa tendência. “É uma fonte limpa, constante, sem emissão de carbono e ideal para locais remotos ou com condições extremas”, afirma.
No caso brasileiro, Aquilino projeta um crescimento expressivo. “A energia nuclear deve alcançar pelo menos 5% da matriz elétrica nacional, mais que o dobro do índice atual. A redução na construção de grandes hidrelétricas e as limitações das usinas a fio d’água tornam isso inevitável.”
Ele também aponta para o potencial dos pequenos reatores modulares (SMRs), que oferecem maior flexibilidade, segurança e menor impacto ambiental. “Eles são ideais para atender demandas localizadas, como o datacenter que a Prefeitura do Rio pretende instalar no Parque Olímpico, cuja demanda estimada é de 3,2 gigawatts”, finaliza o professor.
Fonte: COPPE.UFRJ