Accessibility Tools

05 09 PEN Energia nuclear NoticiaO Brasil reúne condições únicas para se destacar como grande produtor e exportador de urânio e, ao mesmo tempo, se consolidar como um player estratégico na área de data centers sustentados por energia nuclear. A análise é de Vittorio Perona, sócio do BTG Pactual, apresentada durante o evento “O Papel da Energia Nuclear na Descarbonização da Matriz Energética Brasileira”, promovido pela Coppe/UFRJ.

O encontro reuniu especialistas e representantes do setor energético para debater a relevância da energia nuclear na segurança do abastecimento, nas metas globais de descarbonização e no posicionamento do Brasil em cadeias produtivas de alto valor agregado.

Segundo Perona, o país ainda explora de forma limitada seu potencial nuclear. “A última pesquisa geológica voltada à identificação de reservas de urânio foi feita há 40 anos. Se fosse realizada hoje, com tecnologia atual, o Brasil poderia ser o segundo ou terceiro país do mundo em reservas comprovadas. Paradoxalmente, produzimos apenas 100 toneladas por ano — insuficientes até para atender Angra I e II — e precisamos importar parte da nossa demanda”, afirmou.

O especialista ressaltou que a demanda global de urânio deve crescer entre 40 e 50 mil toneladas até 2040, criando oportunidades de negócios para os países capazes de expandir sua produção. “O Brasil tem reservas próprias, tecnologia de enriquecimento, experiência em operação de usinas nucleares e um mercado doméstico robusto. É um desperdício não transformar esse potencial em vantagem estratégica”, avaliou.

Além da mineração e do uso energético, Perona destacou o potencial brasileiro no mercado de data centers. “O país poderia se tornar um grande processador de dados. Com o crescimento exponencial dessas instalações no mundo, os EUA e a China vão precisar de parceiros para nearshoring e friendshoring. O Brasil possui vantagens como energia limpa, estabilidade política, democracia consolidada, ausência de riscos sísmicos e abundância de recursos hídricos.”

Para a diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, a discussão traz elementos fundamentais para o futuro do país. “Cada escolha feita, entre os muitos caminhos possíveis para a descarbonização, implica em uma série de consequências, de prós e contras. O que a gente pretende, e esse é o papel da academia, é entender as consequências de nossas escolhas como país”, afirmou.

Fonte: Coppe UFRJ

Topo