O professor Renato Machado Cotta, da Coppe/UFRJ, é um dos principais nomes da engenharia nuclear brasileira e tem defendido a necessidade de ampliar os investimentos do país no setor. Pesquisador reconhecido internacionalmente, Cotta participou do desenvolvimento da tecnologia nacional das ultracentrífugas para enriquecimento de urânio, equipamento estratégico para a autonomia do ciclo do combustível nuclear.
Em sua trajetória, o engenheiro acumula contribuições em projetos estratégicos da Marinha do Brasil, como o Labgene, protótipo em terra do futuro submarino nuclear brasileiro, e o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), voltado à produção de radiofármacos para medicina nuclear.
Recentemente, Cotta recebeu a Medalha Luikov, maior premiação mundial na área de ciências térmicas, tornando-se o primeiro pesquisador do hemisfério Sul a ser agraciado.
Segundo o professor, o Brasil reúne condições únicas para avançar no setor nuclear: detém reservas significativas de urânio, domina tecnologicamente o ciclo do combustível e conta com projetos estratégicos em andamento. “Poderíamos investir mais por vários motivos. Temos condições de sermos exportadores de urânio enriquecido e precisamos consolidar nossa capacidade de geração nuclear como fonte segura e de baixa emissão de carbono”, destaca.
Além de defender a retomada das obras de Angra 3, Cotta aponta a importância da pesquisa em pequenos reatores modulares (SMRs) e no uso da energia nuclear para cogeração em setores como a indústria, a produção de hidrogênio e a dessalinização de água.
“O dogma da transição energética é a melhor defesa para a retomada de Angra 3. A energia nuclear pode ser peça-chave para garantir segurança energética e redução de emissões”, afirma.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP










