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11 08 PEN Prof. Renato Machado Cotta Noticia Aos 15 anos, uma visita à Exposição Brasil Nuclear, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, mudou o rumo profissional de Prof. Renato Machado Cotta. Fascinado pela trajetória do almirante Álvaro Alberto e pelo papel da Marinha no setor, decidiu seguir carreira na área nuclear. Hoje, aos 65 anos, o engenheiro e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acumula décadas de contribuição para o desenvolvimento tecnológico nacional, incluindo participação no projeto das ultracentrífugas para enriquecimento de urânio, tecnologia dominada por poucos países.

Com doutorado em engenharia nuclear pela Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), o professor também atua como consultor do Programa Nuclear da Marinha e integra a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul). Recentemente, tornou-se o primeiro pesquisador do hemisfério Sul a receber a Medalha Luikov, o mais prestigioso prêmio global na área de ciências térmicas.

Em entrevista, defendeu que o Brasil invista mais na área nuclear, ressaltando que o país domina o ciclo do combustível e possui reservas significativas de urânio. Para ele, ampliar a mineração, modernizar a produção de ultracentrífugas e expandir a planta da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) em Resende são passos estratégicos para transformar o país em exportador de urânio enriquecido, produto de alto valor agregado.

O professor também destacou projetos estratégicos, como o Labgene, protótipo do reator nuclear que equipará o futuro submarino Álvaro Alberto, e o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), voltado à produção de radioisótopos para medicina nuclear. Na sua visão, a energia nuclear será fundamental para a transição energética, como fonte estável e de baixa emissão de carbono, além de possibilitar aplicações como dessalinização de água, produção de hidrogênio e cogeração para a indústria.

O professor lembrou ainda que o Brasil já está atento a novas tendências, como os pequenos reatores modulares (SMR) e os microrreatores nucleares (MNR), tecnologias que oferecem maior segurança, menor custo inicial e aplicações em regiões isoladas.

Com trajetória marcada por projetos de impacto, Renato Machado Cotta também lidera pesquisas em dessalinização e transferência de calor e massa, e participou de estudos aeroespaciais, incluindo investigações sobre o congelamento de sondas pitot, causa do acidente do voo AF447 da Air France, tragédia que vitimou sua filha Bianca.

Para ele, investir em ciência e tecnologia nuclear não é apenas uma questão energética, mas também estratégica, industrial e geopolítica. “Temos competência, recursos e capacidade tecnológica. Falta transformar esse potencial em realidade”, afirmou.

Fonte: Pesquisa Fapesp

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